Via Láctea, de Olavo Bilac
As flores palpitam e os ninhos estremecem.
Os passarinhos cantam nos ramos e a aurora colore as copas das árvores.

Olavo Bilac , o renomado poeta parnasiano (Parnasianismo) brasileiro, apesar de seguir as características do estilo (estilística), muitas vezes incorpora elementos subjetivos em sua obra. Um exemplo é o Soneto de Via Láctea, onde descreve uma floresta antiga e sombria, inexplorada pelo homem e livre de machados, onde apenas o brado do tigre ecoa. Essa paisagem é comparada a um coração solitário e fechado, sem a luz do amor.
Na segunda estrofe, o eu lírico destaca a solidão desse coração, semelhante à floresta, que nunca recebe a luz do dia. No entanto, na terceira estrofe, a narrativa muda e observa-se a transformação desse cenário. Os passarinhos cantam nos ramos e a aurora colore as copas das árvores, trazendo vida e alegria ao ambiente.
Por fim, a última estrofe revela que as flores palpitam e os ninhos estremecem, indicando que a floresta está repleta de vitalidade e movimento. Essa metamorfose sugere que o coração antes cerrado e sombrio agora se abre para o amor, permitindo que a luz dourada do amor adentre e ilumine os caminhos.
Assim, Olavo Bilac, mesmo dentro do rigor formal parnasiano (Parnasianismo), consegue mesclar elementos subjetivos em sua poesia, como neste Soneto de Via Láctea, onde a natureza serve como metáfora para os sentimentos e transformações internas de um coração outrora ermo e agora repleto de vida e amor. Encontre aqui
luizbucalon