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Achado e perdido
Às vezes ou sempre não sei
caminho sem pensar em nada
caminho até não sentir mais nada
caminho até esvaziar-me de tudo
ando até o meio só pra encontrar um meio
o meio de mim no meio de ti da nossa história
só as vezes ou para sempre não sei.Às vezes ou quase sempre sei lá
acordo assim do lado de lá
do lado de cá meio a meio
vejo tua cara mal lavada no espelho
tão mal passada de joelho
logo depois da luta de uma noite
teus dedos tuas unhas meu rosto arranhado
Cega-me o estilhaço de espelho quebrado
Às vezes digo sim mas quase sempre não.Um pássaro quebra suas asas e já não passa
um pássaro de asas arrancadas fica
um pássaro sem asas é paraplegia de homem
e outra e outra vez não sei ou pelo menos não sei que não sei.Um cachorro vadia na rua
ele olha e reconhece em mim o outro
salta-me do peito à boca um gosto de cão adormecido em noite de chuva
um uivo canino de dentes afiados rasga-me as entranhas estranhas da madrugada a dentro
Se sei eu não sei mas quase nunca o saberei ao certo o errado. Iluizbucalon
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Nossos olhares, de Rosa Pereira
Nos teus olhos tens as
letras da mais bela
inspiração …
Descreves -me nas tuas
doces palavras de amor
Sinto-me como Julieta e tu
o Romeu
Dançamos o toque de
uma canção que foi
escrita somente
para nós
Teus lábios tão macios
como pétalas de rosas
Que querem beijar
os meus
Nossos olhares brilham
sobre a luz, que
reluzem …
Tua delicadeza quando me,
chamas através do teu olhar
Provocas-me sensações
Tu sentes o meu coração
que bate forte no meu peito
Como se fosse o toque
De um violino ou de um piano
Como um olhar apaixonado
de Romeu e Julieta!!Rosa Pereira
GE 2023
Todos os direitos reservados á autora -
Depressão, de Rubens Cordeiro da Silva
Sem jeito de sorrir como antes, de todas as vontades que se foi, ao coração a dor de resta, em pensamento momento de afetiva a carência.
Não se desgarra das estranhas, na solidão Refúgio presente, cria seu próprio mundo, o escape mais profundo, depressão na mente.
Rubens Cordeiro da Silva.
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A Diferença, de Rubens Cordeiro da Silva
No caminho da vida, que não serve para fazer a diferença, é aproveitado para ser mais Um, na multidão do caminho largo.
Rubens Cordeiro da Silva
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O Poeta Nicanor, de Marcelo Varella
O poeta louco, andarilho…
Esquálida criatura,
De barba, cabelo e bigode,
De olhos e pensamentos.Dormiu no banco da praça,
Dormiu dentro de carro,
Acordou com a cara inchada,
Sob a sombra das marquises.Um poema por um café!
Um livro por um prato de comida!
Um minuto de atenção!
-Senhor! Faço uma poema pra sua filha.Poeta, pobre poeta!
Rico em sabedoria.
Poeta, nobre poeta!
Teu poema, alegoria.Marcelo Varella
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Soneto da tarde fria, de Marcelo Varella
Sombras e paisagens tão oníricas;
Me perdi no túnel do tempo, temporal,
Raios fustigantes que fatigam,
Vermelho de teu sangue, água e sal.Vivências são marcas, cicatrizes;
Matizes metamorfas, são miragens,
Num tão complexo, disléxico entrosamento,
Um momento, dentro essas paisagens.Uma viagem, vertiginoso esse viés,
Ao invés, aviso, avesso a tudo,
Avista o mundo todo aos seus pés.Uma vaga sorte, vil e vagarosa;
Uma vã vontade de viver,
Em vida, verso, ventre, morte e prosa.Marcelo Varella
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O que sei das pedras, de Gediel Pinheiro de Sousa
Que era uma era
De pedra
De poesia concreta
Era surreição na mata
A pedra era abrigo
O tempo era surdo
Cegueira era a treva
Na fenda da pedra
Em noite profundaQue era arma afiada
Pedra em punho
Era espada
Que era pedra
Premonição
Briga entre pedras
Revolução
Faísca bendita
Fogo redenção
No fim da pedra LascadaQue era pedra encardida
Em mãos calejadas
O corpo era plástico
O molde era a pedra
A arte era um grito
Na pedra rústica
Talhada em camadas
De rocha incrustada
A arte era um rito
Selvagem
Na tela rupestre
A pedra era o culto
Na Idade da PedraQue era pedra divina
De poesia endeusada
De sincretismo angular
Pedra era templo e luz
Pedra de Salomão
Pedra de Davi
Pedra túmulo ao pé da cruz
Cinturão, túnica e véu
Doze pedras, doze tribos
A um só grito consagrado
Pedra manto era Israel
Pedra, prenúncio do fim
De um mundo inenarrável
Pedras apocalípticasQue era pedra sensível
De poesia humanizada
Sentinela dos portais
Morada dos sete chakras
Pedra amuleto e energia
Fortuna e quinhão de paz
Fala cristal, ônix e ágata
Quartzo verde e o rosa
Pedra que canta o amor
Citrino te leva ao próspero
Ametista espírito em florGediel Pinheiro de Sousa
@gediel.poetaoficial -
Alma machucada, de Luís Fernando Ferreira Silva
Quem virá, nesta estrada vazia,
oferecer ao meu coração, o seu próprio coração?
Quem terá amor para subjugar a dor e curar minhas feridas?
O tempo não para,
as histórias se sucedem e se repetem sempre,
buscamos viver os mesmos sonhos insistentemente,
o amor e o amar, só conhecem dois caminhos,
só tem dois destinos,
ser feliz ou completamente triste.
Estou preso em um emaranhado de incertezas,
de pensamentos desfocados,
de uma solidão atroz,
desde o momento em que soltaste a minha mão,
para caminhar sozinha, desprotegida,
querendo conhecer além de mim,
querendo saber se além de mim,
pode existir um outro sentimento.
… E quando me vi completamente só,
gritei, bem do fundo da alma machucada,
o desespero que jamais pensei existir,
quando nos chega o desamor.Luís Fernando Ferreira Silva
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Resistindo ao temor, de Luís Fernando Ferreira Silva
Renunciarei ao dom da palavra,
regurgitarei os temperos da poesia
e deixarei estéril as páginas do meu livro,,
aonde acometeria meu suicídio,
por só querer viver de sonhos.
Rasgaram-se em mim, profundas feridas humanas,
na inversão dos valores,
do coração que sangra inspirações,
ao eco vazio dos gritos mudos das nascentes eternas,
ou do naufrágio do tempo infinito da memória,
nos lábios do poeta.
Ah! Como angustiam-me o passar das horas
dentro deste tabernáculo ,
pudera-me conseguir buscar as estrelas,
expurgando o sossego dos limites
e derramar-me por entre as luzes do amanhecer,
resistindo ao temor,
de morrer abocanhado pela escuridão.
Deixai-me então,
quero apenas ouvir a melodia dos anjos,
enquanto perdurar a agonia,
das lágrimas inúteis,
da culpa e da tristeza.Luís Fernando Ferreira Silva
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Amar o que não se pode amar, de Luís Fernando Ferreira Silva
No amor, fui um brinquedo em tuas mãos tão cruéis,
a ferro e fogo compreendi todas as minhas fraquezas,
sofrer não foi o pior castigo que me deste,
muito menos morrer cheio de esperanças despedaçadas,
pois nada foi mais desumano,
que me fazer amar,
o que não se pode amar.
No amor, não se machuca um coração com desilusões,
não se engana, não se mente, não se faz promessas frias,
não se fere a alma com palavras que não se sustentam,
com sorrisos forçados de canto da boca,
nem beijos secos,
de lábios ásperos cheios de veneno.
No amor, não jogamos com fichas perdidas,
nem apostamos alto apenas para sermos subtraídos.
O amor é muito mais que um simples sentimento,
que um desejo efêmero,
que um apego incomum entre duas pessoas.
O amor tem que ser entrega,
um bem querer absolutamente imponderável,
olhar e desejar, desejar e querer, querer e conseguir.
Por isso, antes que o brinquedo quebre em tuas mãos cruéis,
eu te digo não com todas as minhas fraquezas,
e sofrer não será o meu pior castigo,
pois já me faz morrer,
amar, o que não se pode amar.Luís Fernando Ferreira Silva