Resistindo ao temor, de Luís Fernando Ferreira Silva
Renunciarei ao dom da palavra,
regurgitarei os temperos da poesia
e deixarei estéril as páginas do meu livro,,
aonde acometeria meu suicídio,
por só querer viver de sonhos.
Rasgaram-se em mim, profundas feridas humanas,
na inversão dos valores,
do coração que sangra inspirações,
ao eco vazio dos gritos mudos das nascentes eternas,
ou do naufrágio do tempo infinito da memória,
nos lábios do poeta.
Ah! Como angustiam-me o passar das horas
dentro deste tabernáculo ,
pudera-me conseguir buscar as estrelas,
expurgando o sossego dos limites
e derramar-me por entre as luzes do amanhecer,
resistindo ao temor,
de morrer abocanhado pela escuridão.
Deixai-me então,
quero apenas ouvir a melodia dos anjos,
enquanto perdurar a agonia,
das lágrimas inúteis,
da culpa e da tristeza.
Luís Fernando Ferreira Silva