
O Eu esse tão meu desconhecido
Ensaio filosófico – Ficção científica – Poética
O Eu Desconhecido: Uma Reflexão Sobre a Identidade e o Distanciamento
Sou uma estrela longínqua ainda não descoberta, apenas vista ao longe sem explicação. Existo para a distância e o distanciamento; sou belo enquanto longe e inexplicável. Não, não se aproxime, é sempre muito bom manter uma distância segura.
Sou uma imagem, um reflexo, algo de seu em mim. O que você pretende ver? O que você quer? Do que você precisa? Tudo é possível desde que não quebre o espelho, e o espelho é seu. Sempre caminhe ao longe; meus raios podem ser letais. Gosto do enígma que levo em mim. Todo enigma pode ser surpreendente, e o surpreendente tem lá o seu charme.
Repito, fique ao longe pelo menos a alguns pés para trás, mais para aquela minha versão ainda não versada; a estrada ainda não pisada. Eu posso ser o que você quiser desde que resguardado o devido distanciamento. Posso ser um diamante polido, também posso envenená-lo com meu brilho; um brilho ensurdecido e surdo você cai.
Chegar perto é quebrar o espelho e quebrar o espelho é ser sugado pelo cristal da falsa memória ou da imaginação distorcida. Eu não estou lá. Talvez em cada um dos mil cacos num infinito quebra-cabeça haja uma mínima parte de mim. Quiçá num holograma lá encontre-me inteiro em cada um dos pedaços… Hummmm é bem possível até, ou muito antes pelo contrário nada haja.
Melhor deixarmos assim. Um cogumelo… Nunca se chega tão perto de um cogumelo; e se ele for atômico? Sim, algo assim tão novo quanto a bomba e tão antigo quanto o átomo! Posso mesmo ser bonito, bonito e venenoso; uma planta selvagem ainda não catalogada pela botânica. Toda a forma de beleza traz em sua mão escondida às costas uma lâmina. A beleza sutil de uma rosa será quase sempre precedida pela dor acidulenta do espinho. Assim tudo fora criado, e viu-se que era bom.
Quem sabe eu seja ainda o primeiro homem da criação e resida nas entranhas do último automóvel dos seus sonhos, na combustão conflagrada, naquele piscar de olhos que explode. Bem, o melhor conselheiro ainda é o parachoque: ” Mantenha distância”.
Análise da prosa livre de Luiz Bucalon, explorando temas de identidade, distanciamento, beleza e perigo.
Análise:
“O Eu esse tão meu desconhecido” é uma prosa livre que explora a ideia de identidade e distanciamento. O autor apresenta uma reflexão pessoal sobre a natureza da identidade, questionando se é possível conhecer-se verdadeiramente.
Tema da Identidade:
A identidade é um tema central no texto, representada pela imagem do eu como um reflexo distante. A frase “Sou uma imagem, um reflexo, algo de seu em mim” destaca a complexidade da identidade.
Tema do Distanciamento:
O distanciamento é outro tema importante, representado pela necessidade de manter uma distância segura. A frase “Não se aproxime, é sempre muito bom manter uma distância segura” revela a tensão entre proximidade e distanciamento.
Tema da Beleza e Perigo:
A beleza e o perigo são temas recorrentes, representados pela imagem do diamante polido e da rosa com espinho. A frase “Toda forma de beleza traz em sua mão escondida às costas uma lâmina” destaca a dualidade da beleza.
Perguntas ao Leitor:
— Como você interpreta a relação entre identidade e distanciamento no texto?
— Qual é o papel da beleza e do perigo na construção da identidade?
— Como a reflexão pessoal pode ajudar a entender melhor a si mesmo?
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luizbucalon
4 Comentários
Marcelo Varella
Excelente leitura meu amigo, ótimo texto, gostei bastante.
Luiz Bucalon
Muito obrigado pela sua leitura e apreciação nobre amigo poeta!
Márcia moraes
Esplêndido, parabéns!🙏👏👏🌹
Luiz Bucalon
Muito obrigado pela sua leitura e apreciação!