Narrativa de ficção

Felatio

Conto erótico – Microconto

Eriça-me os pêlos, os poros, a pele… Teu olho do olhar o efeito confere. De gôzo minha dor enlouquecida, tinge-lhe de branco a face aquecida.

Estica os braços até meu peito, desce rasgando minhas carnes.

Ela beija meu caule como se abraçasse o próprio destino. Devagar ela oculta entre seus lábios carnudos toda a minha ânsia de vida.

É um tempo quase sem tempo, um prazer angustiante. Ela puxa a cabeça para trás, fazendo-o deslizar em colcha púrpura.

Boca morna, suave, macia vertendo águas de paixão… Na entrega ela suga, extrai, enlaça a língua voraz.

Cala a boca sobre o monte, canibal devora meu corpo. Desliza em minha bolsa, na boca brincam as esferas; morde, oculta, devora, devolve.

Insinua-se carrasca pelo falo subindo, contornando, descendo. Seguro sua cabeça no arremesso. Todinho guardado lá dentro; na garganta do vulcão adormecido.

Louco vacilam-me os olhos, contraídas as pernas, acelerado coração taquicardíaco… Ela olha-me os olhos morteiros.

Um dissimulado sorriso no olhar pra cima, engole, expulsa, suga e volta. A polpa dos lábios na glande, a glande na polpa dos lábios.

Eriça-me os pêlos, os poros, a pele… Teu olho do olhar o efeito confere. De gôzo minha dor enlouquecida, tinge-lhe de branco a face aquecida.

Põe as mãos em minhas pernas, sente-as retesadas, endurecidas… Gemidas palavras sem sentido, arfante foge-me o controle…

Ela acompanha-me, segue-me sem tréguas nem afastamento. Sua força arranca-me do corpo em seu dente oculto sob meu chapéu.

Estica os braços até meu peito, desce rasgando minhas carnes. Afunda a cabeça e vem à tona, molhando-me inteiro de desejo.

Retorço a boca, engulo o grito; tão feroz ferido animal. Esvaio-me em lavas incandescentes… Tua boca orvalhada em gotas iridescentes.

Ardência à flor da pele de paixão, outro ainda escorre a chuva em aluvião. Faminta loba a devorar do meu corpo, no leite fértil do meu sangue morno.

luizbucalon

Luiz Carlos Bucalon, nasceu em 12 de março de 1964, na cidade de Maringá-Pr. Em 1980, lançou, em edição independente, o seu primeiro livro de poemas, "Câncer Amigo". Seguiu escrevendo poemas, crônicas, contos, ensaios, teatro, humor, biobibliografias e romance. Foram trinta e quatro títulos publicados, pelo então poeta marginal -- contemporâneo a Paulo Leminnski e outros expoentes. Bucalon, além de escritor e editor, foi também declamador, palestrante e divulgador de sua própria obra, de cidade em cidade, no Brasil e na Argentina. Seu mais recente livro, "Só Dói Quando Respiro", de poemas, é de 2021, publicado digitalmente em formato e-book. Obras (muitas também em espanhol) - Poemas: Câncer Amigo, A Palavra é um Ser Vivo, A Corsária e o Vento Santo, Roda Viva, Madá Madalena, Novas Asas, Um Lapso no Tempo, Uma que não vejo, Outra que não toco, Poema a Quatro Mãos (com Nice Vasconcelos), Escrever é coisa de louco, Bailarina Madrugada, Poeta de Ruas e Bares, Poemarte, Na Barra de Santos, Era eu naquele quadro, A Rosa e o Espinho, Dia Noite e Chuva Por onde Andaluzia, Poeta Cigano, Rodoviárias São Corredores, A poesia diz rimada, Poesia Presa no Espelho, Poema se faz ao poemar Poesia líquida é música. - Romance, conto, teatro, ensaio, crônica: Em Busca do Amor, Lânguida e Felina, O Globalicídio Brasileiro, A Semente do Milagre, Mártires da Imortalidade, A vida entre outras coisas, A Praça da República, O Banco da Praça, Ali Naquele Bar. Saiba na página Home.

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