A Nossa Poética
Poemas de amor, paixão, nostalgia, vida. Poemas comentados pelo próprio autor dando significado e motivo da escrita.
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Soneto da tarde fria, de Marcelo Varella
Sombras e paisagens tão oníricas;
Me perdi no túnel do tempo, temporal,
Raios fustigantes que fatigam,
Vermelho de teu sangue, água e sal.Vivências são marcas, cicatrizes;
Matizes metamorfas, são miragens,
Num tão complexo, disléxico entrosamento,
Um momento, dentro essas paisagens.Uma viagem, vertiginoso esse viés,
Ao invés, aviso, avesso a tudo,
Avista o mundo todo aos seus pés.Uma vaga sorte, vil e vagarosa;
Uma vã vontade de viver,
Em vida, verso, ventre, morte e prosa.Marcelo Varella
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O que sei das pedras, de Gediel Pinheiro de Sousa
Que era uma era
De pedra
De poesia concreta
Era surreição na mata
A pedra era abrigo
O tempo era surdo
Cegueira era a treva
Na fenda da pedra
Em noite profundaQue era arma afiada
Pedra em punho
Era espada
Que era pedra
Premonição
Briga entre pedras
Revolução
Faísca bendita
Fogo redenção
No fim da pedra LascadaQue era pedra encardida
Em mãos calejadas
O corpo era plástico
O molde era a pedra
A arte era um grito
Na pedra rústica
Talhada em camadas
De rocha incrustada
A arte era um rito
Selvagem
Na tela rupestre
A pedra era o culto
Na Idade da PedraQue era pedra divina
De poesia endeusada
De sincretismo angular
Pedra era templo e luz
Pedra de Salomão
Pedra de Davi
Pedra túmulo ao pé da cruz
Cinturão, túnica e véu
Doze pedras, doze tribos
A um só grito consagrado
Pedra manto era Israel
Pedra, prenúncio do fim
De um mundo inenarrável
Pedras apocalípticasQue era pedra sensível
De poesia humanizada
Sentinela dos portais
Morada dos sete chakras
Pedra amuleto e energia
Fortuna e quinhão de paz
Fala cristal, ônix e ágata
Quartzo verde e o rosa
Pedra que canta o amor
Citrino te leva ao próspero
Ametista espírito em florGediel Pinheiro de Sousa
@gediel.poetaoficial -
Alma machucada, de Luís Fernando Ferreira Silva
Quem virá, nesta estrada vazia,
oferecer ao meu coração, o seu próprio coração?
Quem terá amor para subjugar a dor e curar minhas feridas?
O tempo não para,
as histórias se sucedem e se repetem sempre,
buscamos viver os mesmos sonhos insistentemente,
o amor e o amar, só conhecem dois caminhos,
só tem dois destinos,
ser feliz ou completamente triste.
Estou preso em um emaranhado de incertezas,
de pensamentos desfocados,
de uma solidão atroz,
desde o momento em que soltaste a minha mão,
para caminhar sozinha, desprotegida,
querendo conhecer além de mim,
querendo saber se além de mim,
pode existir um outro sentimento.
… E quando me vi completamente só,
gritei, bem do fundo da alma machucada,
o desespero que jamais pensei existir,
quando nos chega o desamor.Luís Fernando Ferreira Silva
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Resistindo ao temor, de Luís Fernando Ferreira Silva
Renunciarei ao dom da palavra,
regurgitarei os temperos da poesia
e deixarei estéril as páginas do meu livro,,
aonde acometeria meu suicídio,
por só querer viver de sonhos.
Rasgaram-se em mim, profundas feridas humanas,
na inversão dos valores,
do coração que sangra inspirações,
ao eco vazio dos gritos mudos das nascentes eternas,
ou do naufrágio do tempo infinito da memória,
nos lábios do poeta.
Ah! Como angustiam-me o passar das horas
dentro deste tabernáculo ,
pudera-me conseguir buscar as estrelas,
expurgando o sossego dos limites
e derramar-me por entre as luzes do amanhecer,
resistindo ao temor,
de morrer abocanhado pela escuridão.
Deixai-me então,
quero apenas ouvir a melodia dos anjos,
enquanto perdurar a agonia,
das lágrimas inúteis,
da culpa e da tristeza.Luís Fernando Ferreira Silva
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Amar o que não se pode amar, de Luís Fernando Ferreira Silva
No amor, fui um brinquedo em tuas mãos tão cruéis,
a ferro e fogo compreendi todas as minhas fraquezas,
sofrer não foi o pior castigo que me deste,
muito menos morrer cheio de esperanças despedaçadas,
pois nada foi mais desumano,
que me fazer amar,
o que não se pode amar.
No amor, não se machuca um coração com desilusões,
não se engana, não se mente, não se faz promessas frias,
não se fere a alma com palavras que não se sustentam,
com sorrisos forçados de canto da boca,
nem beijos secos,
de lábios ásperos cheios de veneno.
No amor, não jogamos com fichas perdidas,
nem apostamos alto apenas para sermos subtraídos.
O amor é muito mais que um simples sentimento,
que um desejo efêmero,
que um apego incomum entre duas pessoas.
O amor tem que ser entrega,
um bem querer absolutamente imponderável,
olhar e desejar, desejar e querer, querer e conseguir.
Por isso, antes que o brinquedo quebre em tuas mãos cruéis,
eu te digo não com todas as minhas fraquezas,
e sofrer não será o meu pior castigo,
pois já me faz morrer,
amar, o que não se pode amar.Luís Fernando Ferreira Silva
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A Bala, de Rubens Cordeiro da silva
Quem disse que a bala estava perdida ? perdida ficou a vítima que pela bala foi atingida, em uma trajetória obscura, fiel a um alvo qualquer, abala nunca tem culpa mas sim o seu autor, mas ninguém sabe quem é.
Rubens Cordeiro da silva
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Regados de lágrimas, de Rosa Pereira
Meu olhar de lágrimas são regados
As nuvens choram por mim ao verem
O meu olhar
Passei à beira do rio e vi-me nas águas
Fiquei a ver-me nele
Como num espelho de águas
Doces onde caiam as minhas
Lágrimas salgadas
Levantei o olhar e vi tantas estrelas
Lembrei-me da minha aldeia em Portugal
Quando chegava a noite contava as estrelas
Naquele mesmo momento
Pensei que o céu a um só !!!
Mas as distâncias entre os países existe
Para mim
Um onde nasci e o outro para
Onde vim viver
Saudades do fado tão português
E tão nosso
Um fado a partir da palavra saudade!!!Rosa Pereira
GE – Direto reservado à autora -
Quantos eus há em mim, de Gediel Pinheiro de Sousa
Eu, o ser concêntrico
De dentro pra fora
Ser eu de mim
De fora pra dentro
Ser o eu dos outros
Referências
Invasivas
Necessárias
Ser o eu do além
Alienígena
Que não sabe
De onde veio
Busco respostas
De onde partiu esse eu
De qual infinito
Sou testemunha
Ancestrais
Tão longe na história
Ou tão raso
Que a genealogia
Possa alcançar
Ou ainda
O eu que advém das crises
Dúvidas ambulantes
Que perduram
Convenções coletivas
Que pesam sobre mim
Do subversivo
Que sou por consequência
Da inquietação
Que queima minha alma
Busco essa voz
Que fala por mim
Na escrita
Que consola os teoremas
No fundo sei
Que não falo só de mim
Falo dos eus
Dos eus calados
E dos eus falantes
Sou degrau em camadas
Meu retrato são máscaras
Que alguém já usou
Sou estrada entre pólos
Revelado pelo imaginário
Sendo assim
Sou estalo de vozes
Ressonantes
Em busca de chaves
Para as portas
Do desconhecidoGediel Pinheiro de Sousa
@gediel.poetaoficial -
Dramas do ciúme, de Gediel Pinheiro de Sousa
Não quis apalpar o ciúme
mas ele grudou
em mim seu perfume
Esse (anti) Vênus
arruina o tempero que adoça o amor
Alguém já viu o orgulho
desfilar sua beleza
todo cheio de si…
E mudar em segundos
para uma amargura
sem fim?Quis tatear a tristeza
que escorria dos olhos
Caí na tentação
de acolher uma lágrima
Uma dormência esquisita
travou minha língua
Quis matar a sede
sem pedir licença
à morte
Queria apenas um gole
da seiva represada
em olhos de ciúme
Não fazia ideia
da ação vingativa
da dor
Quis prendê-la
na gaiola da loucura
De tantos gatilhos
senti meu peito
indo emboraQuis tocar o tempo
e sentir sua presença
Ouvi o dono do mundo
desdenhar meu pesadelo
Quando dei por mim
senti o corpo
fora do plano
Avistei o universo
sambando
em meus olhos
de um jeito
estranhoGediel Pinheiro de Sousa
@gediel.poetaoficial -
Efêmeros, de Marcelo Varella
Efêmeras efígies que nós somos,
Dentre o ventre verde, terra mãe;
Agarrados a utópica existência;
Espelha a que outrora mente sã.Seguimos soltos essa cadência,
Incapazes sequer de perceber!
No olho oculta a indecência,
Escuro demais para se ver.Indescritível sentimento!
Fraqueja na alma em uma fração!
Memória incontável esse momento,
Clareia minha alma um coração.Marcelo Varella