• Casa do Poeta

    Era uma vez uma cidade sitiada

    Uma cidade que esteve literalmente em estado de sítio. Uma cidade em que as pessoas viviam amordaçadas, pois não podiam falar. Manietadas, pois não podiam se mover.

    As pessoas não se moviam de acordo com a sua vontade. As pessoas não expressavam a sua opinião. Havia um temor no ar e acima das suas cabeças, um relho prestes a baixar num golpe certeiro.

    Uma cidade onde muitos eram forçados, estorquidos na metade de seus ganhos e explorados em seu suor. Uma cidade abandonada e atirada ao esquecimento. Uma cidade que era golpeada em sua democracia e vilipendiada naquilo que lhe era mais sagrado: os anciãos, as mulheres, as crianças, os jovens, os animais.

    Uma cidade onde tudo o que se produzia à força do trabalho honesto e desgastante de homens e mulheres, não retornava ao seu povo, mas há um só grupo de mandantes privilegiados. Tudo o era desviado para fins espúrios no exercício de ainda mais controle e aprisionamento.

    Mas um dia o povo reunido em torno da fé e da esperança deu um basta. O povo dançando ao redor do fogo deu um grito de guerra. Rasgou as mordaças, rompeu os grilhões e correu à luta. O povo retomou o que era seu de direito e fez valer a sua vontade. E esse embate foi simbolizado num só dia através das urnas de eleição.

    À noite cansado e quase exaurido esse povo, outrora desrespeitado e humilhado, reúne-se na praça dessa mesma cidade. Homens, mulheres, jovens, crianças e idosos lado a lado, ombro a ombro,assim como lutaram ontem, comemoram hoje.

    A estrela vermelha da democracia subiu e brilhou nas alturas. E entre fogos de artifícios, a canção da vitória numa só voz ecoou por todos os rincões.


    luizbucalon

  • Casa do Poeta

    Encontre aqui

    Aqui custa muito barato para o seu trabalho ir ao ar.

    Arte e bom gosto

    Poemas, crônicas, contos, microcontos , ensaios, romances e todo o cenário das letras pelo qual autores de várias nacionalidades transitam dia a dia e cada vez mais. Profundidade e questionamento com lirismo e leveza são as passadas e os caminhos percorridos aqui neste espaço, onde a realidade e a fantasia caminham lado a lado num só corpo.

  • A Nossa Poética

    Amálgamas

    Ando cinzento há muito tempo,
    Eu fiz permutas com o vento,
    Com minhas perguntas, meus lamentos.

    Com a sorte singela de um pé na bunda,
    Da vida, a face suja e imunda,
    Do ar sombrio que me circunda.

    Amálgamas da mente em ferro corroído,
    Alheio a picardia dos sentidos,
    Promessas imberbes do senso sonso corrompido.

    Não há mais nada, onde agora tu procura,
    Em universo equidistante, matéria escura,
    Além, porém, da curvatura.

    Não há mais nada, nem os rastros,
    Partículas espalhadas em espaço vasto,
    Não há mais nada… somente os cacos.

    Marcelo Varella

  • A Nossa Poética

    Alhos, poetas e bugalhos, de Marcelo Varella

    Alhos e bugalhos, Bucalon!
    Animas com tuas rimas meu córtex…
    Nuances e matizes num só tom;
    Espalhas! Colorindo em teu Codex!

    Orvalhos e serenos… Ah que bom!
    Quem dera antes, conhecer-te? Tão cortês!
    Semblantes, diretrizes neste som;
    Eu paciente, esperando minha vez!

    Poeta, me despertasse de meu sono.
    Simplesmente, tu me fez sair da cama.
    Porém, eu ainda não sei como?
    Nos fez, dois personagens dessa trama .

    Marcelo Varella

  • A Nossa Poética

    Abolição, de Raul Loguercio

    Negro liberto
    Lei impura
    Livraste do jugo
    Sem ventura

    Não tem mais açoite
    E noites furias
    Mas ficaste sem nome
    Liberdade restrita

    Foste liberto
    Sem nada a ter,
    Perdeste a lida
    Pra viver infinda.

    Nas grandes cidades
    Vivem a maioria,
    Em favelas e guetos
    Com marca bandida.

    Hoje ainda é assim
    Mesmo a lei absoluta ,
    Carregas na pele
    Descriminação absurda.

    Raul Loguercio

  • A Nossa Poética

    Ter o que comer, de Raul Loguercio

    Vida miserável
    Sina de um ser,
    Logros de mísera
    Por nada a comer .

    Indigentes favelados
    Num lugar de pavor,
    Tantos. Indiferentes
    Não tem nada só amor.

    Vida desesperada
    Pela iniciativa brava,
    Leva de favelada
    Sina,lida, fome, vida.

    O espetáculo se mostra
    Pois um naco de pão
    A fome lhe alivia.

    Raul Loguercio

  • A Nossa Poética

    Achado e perdido

    Às vezes ou sempre não sei
    caminho sem pensar em nada
    caminho até não sentir mais nada
    caminho até esvaziar-me de tudo
    ando até o meio só pra encontrar um meio
    o meio de mim no meio de ti da nossa história
    só as vezes ou para sempre não sei.

    Às vezes ou quase sempre sei lá
    acordo assim do lado de lá
    do lado de cá meio a meio
    vejo tua cara mal lavada no espelho
    tão mal passada de joelho
    logo depois da luta de uma noite
    teus dedos tuas unhas meu rosto arranhado
    Cega-me o estilhaço de espelho quebrado
    Às vezes digo sim mas quase sempre não.

    Um pássaro quebra suas asas e já não passa
    um pássaro de asas arrancadas fica
    um pássaro sem asas é paraplegia de homem
    e outra e outra vez não sei ou pelo menos não sei que não sei.

    Um cachorro vadia na rua
    ele olha e reconhece em mim o outro
    salta-me do peito à boca um gosto de cão adormecido em noite de chuva
    um uivo canino de dentes afiados rasga-me as entranhas estranhas da madrugada a dentro
    Se sei eu não sei mas quase nunca o saberei ao certo o errado. I

    luizbucalon

  • A Nossa Poética

    Nossos olhares, de Rosa Pereira

    Nos teus olhos tens as
    letras da mais bela
    inspiração …
    Descreves -me nas tuas
    doces palavras de amor
    Sinto-me como Julieta e tu
    o Romeu
    Dançamos o toque de
    uma canção que foi
    escrita somente
    para nós
    Teus lábios tão macios
    como pétalas de rosas
    Que querem beijar
    os meus
    Nossos olhares brilham
    sobre a luz, que
    reluzem …
    Tua delicadeza quando me,
    chamas através do teu olhar
    Provocas-me sensações
    Tu sentes o meu coração
    que bate forte no meu peito
    Como se fosse o toque
    De um violino ou de um piano
    Como um olhar apaixonado
    de Romeu e Julieta!!

    Rosa Pereira
    GE 2023
    Todos os direitos reservados á autora